quinta-feira, 30 de maio de 2019

Oficina de colagem no Lar Joanópolis trabalha cores e formas




As oficinas no Lar Joanópolis fazem parte de um projeto voluntário, realizado em parceria com a fisioterapeuta Aline Poli, desde 2012.

No dia 29 de maio de 2019 realizamos mais uma oficina para os idosos do Lar Joanópolis com o apoio de Geiza Mirela, professora de educação física e de Rodiney de Jesus, aprendiz do Ateliê Silvio Alvarez.



Desta vez a oficina privilegiou a colagem de cores e formas. Falei aos idosos sobre as formas presentes em nossa vida, do formato da mesa, do relógio, da bandeirinha de São João, entre outras. 
Pedi também para que cada idoso me dissesse a cor que mais gostava. 



Levei já preparadas formas geométricas das mais variadas cores, recortadas de revistas. Em bandejinhas de isopor distribuídas nas mesas, os idosos puderam escolher livremente. 





Levei um quadro como referência e pedi eu cada idoso produzisse o seu. Trabalho sempre com a seguinte máxima para a preservação das possibilidades terapêuticas da atividade: de que os realizadores de oficina e cuidadores podem, e devem, auxiliar aqueles com deficiência e restrições físicas,  não devendo, porém,  influirem na escolha das figuras e na decisão de onde colá-las. 







Contato
silvioalvarez@uol.com.br
www.silvioalvarez.com.br
11971199050

sábado, 25 de maio de 2019

Artista plástico Silvio Alvarez realiza oficina de artes, pintura e colagem, no Instituto Educacional Sementinha, em Joanópolis




No dia 23 de maio de 2019 realizei oficina de artes no Instituto Educacional Sementinha, em Joanópolis. Já estive outras vezes na escola realizando atividades, para crianças de 2 a 5 anos, a convite de Laura Oliveira, e é sempre uma festa.



A oficina teve também o intuito de que os alunos produzissem quadros em pintura e colagem para uma exposição que será realizada em breve na escola. 

Iniciei contando para a criançada o que é e quais são os tipos de arte: pintura, colagem, desenho, escultura, música, dança e teatro. 



A personagem Vovó Leopoldina ficou encarregada de explicar que a arte é importante porque dá pra gente um superpoder chamado sensibilidade, que é o que faz com que a gente consiga ver as coisas bonitas do mundo e da vida.




Na sequência apresento três obras de mestres da pintura: Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, O Retrato de Dora Maar, de Pablo Picasso e Rosa e Azul, de Pierre-Auguste Renoir. As crianças escolhem uma das obras e recebem uma reprodução em papel couchê (10 x 15 cm - 150 gramas) para recortar. 




Só não pode sujar o amiguinho de cola. 


Explico para a criançada o básico da técnica de colagem, como segurar a tesoura, a postura das mãos para recortar com mais firmeza, como passar cola na figura para não enrugar ou soltar e, no final colam a imagem da obra célebre já recortada na telinha de pintura.


Pra falar francês tem de fazer biquinho: Renoir



As crianças recortam, então, a reprodução do quadro célebre escolhido. 




Para finalizar, as crianças pintam livremente a tela tendo a figura da obra célebre escolhida, já colada, como tema central. 




Agradeço com muito carinho à querida Laura Oliveira pela oportunidade e pela confiança de sempre. É sempre um enorme desafio trabalhar com crianças da educação infantil.




Contato com Silvio Alvarez
silvioalvarez@uol.com.br
www.silvioalvarez.com.br
11971199050

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Colagem, esta técnica tem história: O estudo com flores em collage


Pouco depois de concluir o painel A árvore, em 2009, um artista de collage americano, por intermédio das redes sociais, associou o conceito do meu trabalho ao do Buquê de olhos de Hannah Höch (1889-1978). Eu ainda não havia iniciado o estudo da história da técnica, portanto fiquei surpreso com a proximidade das expressões. 

Segundo o teórico e artista Fernando Fuão, autor de A collage como trajetória amorosa, a escolha de imagens de olhos em collage, muito comum por sinal, pode revelar a intenção do artista em apresentar a sua visão particular, distinta, do mundo. 



Buquê de olhos – Hannah Höch – 1930 



Painel A árvore – collage sobre MDF – 350 x 250 cm – 2009 

No artigo anterior, Collage. Arte marginal? http://silvioalvarez.blogspot.com/2019/05/colagem-esta-tecnica-tem-historia.html abordei a minha intenção, por vezes inconsciente, de aproximar a collage da pintura, ou, pelo menos, de demonstrar a gama de alternativas técnicas possíveis. Mas para essa aproximação ocorrer, hoje constato, precisei percorrer um longo caminho que tentarei descrever aqui. 

Quando produzi o painel A árvore empregando olhos para simbolizar folhas (ou flores) acabei por trabalhar intuitivamente todo um aspecto técnico que só bem mais tarde passaria a atentar. Colar olhos com tonalidade mais escura, primeiro, por exemplo, para somente depois sobrepô-los com os olhos-folhas mais claros. 

Foi a partir dessa experiência e de algumas outras é que comecei a compreender o quanto poderia evoluir tecnicamente e como e quanto a percepção pode ser amplificada no trabalho metódico de folhear centenas de revistas, de recortar figurinha por figurinha prestando atenção em cada detalhe e sinuosidade, dia após dia. Concluí que o caminho para a liberdade criativa é o fazer artístico, o trabalho árduo, amoroso, persistente e determinado, com um desprendimento sincero, aberto aos aprendizados que a prática oferece.    

Para conhecer meu processo criativo http://www.silvioalvarez.com.br/processo-criativo/

Somente conhecendo profundamente a parte técnica é que conseguimos deixar a imaginação livre das amarras criativas e assim liberar a emoção para que a produção flua, verdadeira. 

“A experiência estética é um modo de cognição através da apreensão direta (...) é uma ampliação e uma intensificação da percepção sensorial”.                             Harold Osborne 

Além do senso de observação, indispensável, de mergulhar nos detalhes dos objetos-alvo, do que está a nossa volta, cotidianamente, a collage exige uma percepção mais profunda a fim de que consigamos reproduzir o desejado, empregando imagens já utilizadas em outras circunstâncias. Para mim, é como se essas habilidades somente funcionassem em um estado mágico, por intermédio de uma conexão livre com o inconsciente. Assim como em outras expressões artísticas, imagino, para isso acontecer, a técnica tem de estar dominada. 

Ao empregarmos as imagens pré-fabricadas, de origens diferentes, trazemos para a nossa expressão toda a carga simbólica de cada imagem. Portanto, além de pintar com papel, em collage também reprocessamos conceitos, desconstruímos realidades para construir uma nova. Sendo assim, já que o símbolo é uma das molas-mestras da collage, é importante que também conheçamos a simbologia dos objetos-alvo, principalmente se estes forem recorrentes. No meu caso, vêm sempre à tona olhos, flores, relógios. castelos, entre outros. 

Na cultura japonesa do arranjo de flores (Ikebana), por exemplo, a flor é considerada como o modelo do desenvolvimento da manifestação, da arte espontânea, sem artifícios. No Ikebana, o arranjo de flores representa o ciclo vegetal e, por conseguinte, um resumo do ciclo vital, seguindo um esquema ternário: o galho superior é o do céu, o galho médio o do homem e o galho inferior, o da terra. Assim como essas três forças naturais devem harmonizar-se  para formar o universo, as hastes das flores devem equilibrar-se no espaço. Nos arranjos florais japoneses, simbolicamente, experimenta-se o ritmo da tríade universal, na qual o homem é o mediador entre o céu e a terra.

Na História da Arte as flores são um dos aspectos essenciais de uma natureza-morta, que passa a surgir como gênero artístico somente em meados do século XVI . Nas línguas latinas, natureza-morta, nature morte, e nas línguas saxônicas , still life, stilleben (vida imóvel, vida em suspensão).



Natureza-morta de Juan van der Hamen y León (1596 - 1631) 

Geralmente, os itens preferidos dos pintores dedicados às naturezas-mortas são as flores, mas também comidas e bebidas, louças, instrumentos musicais, livros e tudo o que mais se referisse à esfera doméstica, vocações e hobbies. 

Nas vanitas, tipo de obra de arte simbólica associada à natureza-morta, do norte da Europa e dos Países Baixos, nos séculos XVI e XVII, que comumente incluía caveiras (crânios), a representação pode ser compreendida como uma alusão à insignificância da vida terrena e à efemeridade da vaidade. A palavra vanitas, em latim, significa vacuidade, futilidade, e na História da Arte é interpretada como vaidade. As caveiras, eram lembretes da inevitabilidade da morte; frutas apodrecidas, simbolizavam a decadência trazida pelo envelhecimento; fumaça, bolhas, relógios e ampulhetas, assim como as flores, frutas e borboletas, simbolizavam a brevidade da vida. 

Ao experimentar a pintura com imagens já utilizadas e de origens diferentes vi que as naturezas mortas, mais especificamente os arranjos florais, além de serem bastante atrativos ao público, poderiam me fornecer o grau de dificuldade necessário para o avanço do estudo da luz, cor e perspectiva, de uma forma menos trabalhosa e demorada do que nas paisagens. 



Este foi meu primeiro arranjo floral, de 2015, produzido para um projeto de capa de caderno. Creio que foi a partir desse trabalho que nasceu todo o meu encantamento pelo tema e foi também quando percebi que desejava incluir os arranjos florais como objetos de criação daí pra frente. 



Em 2016 descobri a abrangência da obra de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), além das suas paisagens com igrejas e neblina, e produzi A arte das flores


Flores para Guignard - 2016


Flores para Guignard II - 2018 


Foi a obra de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) que fez com que eu me interessasse em definitivo pelos arranjos florais. Tanto que resolvi criar a série Flores para Guignard. Diga-se de passagem, o mestre da pintura moderna brasileira também produziu collages surrealistas, que nada tinham de floridas. 


 

Arranjo floral e collage surrealista de Guignard


Em 2017, produzi a série Arranjos florais, com a intenção de trabalhar as flores, mas com cores específicas em diferentes tonalidades.




Em 2018, nasce Flores para Cézanne, buscando aliar o meu conceito de perspectiva em paisagens com o de arranjo floral. Na História da Arte, foi com Paul Cézanne (1839-1906) que o gênero natureza-morta ganhou novas dimensões, imortalizado pelas composições com maçãs executadas a partir de 1870. Tanto quanto suas maçãs, seus arranjos florais são igualmente inspiradores. 


Flores para Cézanne - 2018 

Em 2019, em Jarro de flores, busquei reunir tudo o que havia assimilado com os trabalhos anteriores. 



Refiro-me nesse artigo tão somente à collage como recortar, transformar e colar imagens impressas pré-existentese  e de diversas origens. Pois existe ainda a possibilidade da criação dos elementos florais com o recorte do papel liso. Com referência à representação de flores, Herta Wescher, em sua História da Collage, menciona o recortador Fachri, que já no século XVI, na Turquia, inserido na ornamentação de livros, produzia delicadas flores e folhas com sua tesoura. No campo disseminado por Etienne de Silhouette (1709-1767), o controverso desenhista e ministro das finanças francês que deu nome ao procedimento, cabe ainda mencionar Philipp Otto Runge (1777-1810), que além de exímio no recorte, também era pintor.  


Trabalho em recorte de Philipp Otto Runge 


Voltando à pintura, com o intuito de inspirar e ser inspirado, realizei pesquisa que apresento a seguir: arranjos florais de mestres da pintura, de diferentes épocas e estilos. 


Vaso com Flores (1930) - Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) 


Cândido Portinari (1903-1962) 


Obra de 1930 de Alfredo Volpi (1896-1988) 


Vaso branco com flores (1910) de Odilon Redon (1840-1916)


Henri Matisse (1869-1954) 



Vaso com flores - Tarsila do Amaral (1886-1973)


Vaso de flores - Anita Malfatti 



Henri Fantin-Latour (1836-1904)


Vaso de flores - Clóvis Graciano (1907-1988)

Referências bibliográficas:

- A collage como trajetória amorosa – Fernando Fuão
- Colagens Hannah Höch 1889-1978- Institut für Auslandsbeziehungen - IFA 
- Para apreciar a arte – Roteiro didático – Antonio F. Costella 
- Dicionário de símbolos – Jean Chevalier e Alain Gheerbrant 
- Guignard – uma seleção da obra do artista – Museu Lasar Segall 
- A arte de Cézanne – Nathaniel Harris 
- La Historia Del Collage – Herta Wescher
- Silhouettes - A History and Dictionary of Artistis - E. Nevill Jackson 
- NATUREZA-MORTA . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo360/natureza-morta
- FLORES . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3185/flores
- Vanitas – Wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Vanitas 
- Étienne de Silhouette – Wikipedia https://fr.wikipedia.org/wiki/%C3%89tienne_de_Silhouette