terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Colagem e Arteterapia


Conheci a Profa. Patrícia Pinna Bernardo em 2004, por intermédio das redes sociais, e, de lá para cá, graças a ela, passei a tomar contato com a Arteterapia de forma bastante ampla.


Não posso deixar de considerar que, intuitivamente, em um momento bastante difícil da minha vida, acabei por empregar a Arteterapia em causa própria. A Arteterapia, por meio da colagem, possibilitou que eu externasse os sentimentos e chegasse mais rápido à solução dos problemas que emperravam a minha existência. As produções em colagem que realizei a partir de 1989 forneceram o material fundamental para o avanço do meu processo terapêutico. A parti daí, ainda no meu caso, além de uma eficiente terapia, a colagem também acabou por revelar um novo e realizador caminho profissional.

Sabe-se hoje, que a colagem, além da expressão por meio de renovação de imagens, ao possibilitar a desconstrução e construção de cenas cotidianas, pode atuar como eficiente instrumento arteterapêutico, possibilitando também o treinamento do raciocínio e da coordenação motora.


A convite da Profa. Patrícia, pelo segundo ano consecutivo, realizei um workshop para alunas da pós-graduação em Arteterapia Aplicada da UNIP Vergueiro, no dia 19 de dezembro de 2010.



Nesta oficina trabalhamos o conceito das mandalas. Por coincidência ou não, praticamente todos os meus trabalhos da fase inicial seguiam este formato. Jung explica!



Patrícia Pinna Bernardo
Psicóloga formada pela USP e Arte-educadora pela FAAP, pós-doutora em Mitologia Criativa e Arteterapia (FEUSP), doutora em Psicologia (USP) e Mestre em Psicologia (PUC), tendo pesquisado a questão da Criatividade, Mitologia Criativa e da utilização de recursos expressivos em terapia, educação e em grupos de desenvolvimento da criatividade com todas as idades. É coordenadora e professora da Pós-Graduação em Arteterapia da UNIP, Professora universitária (desde 1995) em cursos de Graduação e Pós-Graduação, em Psicologia, Arteterapia, Arteeducação, Musicoterapia, Pedagogia e Artes Plásticas.

Silvio Alvarez - contato para oficinas
silvioalvarez@gaiabrasil.com.br 

www.silvioalvarez.com.br 



Colagem - Arte ambiental - Silvio Alvarez participa da XII FIMAI - 2010


Sobre a participação na XII FIMAI – Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade, de 9 a 11 de novembro de 2010, no Expo Center Norte, em São Paulo.

Minha participação na XII FIMAI começou a ser desenhada em junho deste ano, em Curitiba, ao expor em outra feira de sustentabilidade, a ReciclAção.

Outro expositor da ReciclAção, Manolo, representante da empresa Dutrafer, falou-me da importância da FIMAI no cenário industrial e forneceu um contato, Rosana. Muito bem acolhido por sinal, visitei o escritório da Revista Meio Ambiente Industrial, em Perus, São Paulo e acertei a participação no evento.

A pedido de Rosana, produzi 100 pequenos quadros (15 x 10 cm) para serem entregues como brinde de participação aos expositores. Elaborei uma logomarca estilizada da FIMAI, utilizando como textura de fundo as páginas da Revista promotora do evento. Foi a primeira vez que realizei uma produção, assim, em série, e creio que acabei também por demonstrar que a colagem pode ser uma boa opção para a área de brindes corporativos. Levei uns dois meses para recolher todo o material necessário, para recortar as imagens e finalizar a colagem propriamente dita. Deu muito trabalho, mas gostei da experiência e do resultado.

foto: Thiago Ramos

Além disso, ficou acertada a produção de um painel de colagem durante o evento, recurso que costuma trazer bons resultados, já que, de forma prática, apresenta a técnica e promove espontaneamente uma maior interação com os visitantes da feira.





foto: Thiago Ramos

Desta vez resolvi produzir uma releitura de “A Árvore da Vida”, de Gustav Klimt. Há muito pensava em fazer algo baseado na obra do pintor austríaco, autor do célebre “O Beijo”. Foi uma viagem maravilhosa, principalmente ao buscar, nas imagens das revistas, os tons aproximados empregados pelo Mestre.


foto: Zé Goulart

domingo, 24 de outubro de 2010

Henri Matisse e a arte da colagem




Henri Matisse (1869 -1954) dispensa apresentações. O que quero registrar aqui é que este grande Mestre da Arte, em seus últimos anos anos de vida, incapacitado para a pintura, ao experimentar “desenhar” com uma tesoura, acabou por demonstrar que a arte não tem mesmo limites.



Nu Azul – 1952

En 1941, diagnotiscado com câncer, hospitalizado em Lyon, onde os médicos deram a ele pouco tempo de vida, sem poder viajar, utilizou experiências recolhidas em suas viagens para aperfeiçoar sua originalidade. Nesse período, Matisse inventou a técnica de "desenho com tesoura".

O Palhaço – 1943

(...) “Desenhar com a tesoura, recortar as cores vivas, lembra-me o trabalho direto dos escultores… uma tesoura é um instrumento maravilhoso e o papel que uso para os meus recortes é magnífico… trabalhar com a tesoura neste papel é uma ocupação na qual me posso perder… o meu prazer pelo recorte aumenta a cada dia que passa! Por que é que não pensei nisto antes? Cada vez me convenço mais de que com um simples recorte se pode expressar as mesmas coisas do que com o desenho e a pintura…”. Henry Matisse em “Escritos e Pensamentos sobre a Arte”

Tristeza do Rei – 1952

Com a experiência adquirida na realização de oficinas de colagem para pessoas de todas as faixas etárias, posso dizer que essa passagem da vida de Henri Matisse tem muito a nos dizer...

Que a colagem, como técnica artística e lúdica, que requer tão somente materiais de baixíssimo custo, e especialmente o "desenhar com a tesoura" de Matisse pode ser muito importante para estimular a criatividade da garotada (de todas as idades), para revelar novos talentos, como instrumento de arteterapia, e, sobretudo, para, com o aquecimento global, entre outros problemas ambientais, auxiliar na conscientização à cerca da urgência da reciclagem dos materiais.



Em minhas oficinas de colagem, que realizo para públicos de todas as faixas etárias, sinto na prática que a colagem aproxima as pessoas do poder transformador da Arte. Quando uma pessoa percebe-se capaz de criar algo a partir de recortes de revistas, ou por meio de qualquer expressão artística, algo muito bom acontece.

Henri Matisse – Wikipedia


Obvious Mag – Matisse – Guaches Recortados http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches.html

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Projeto Murographia – Sesc Ipiranga


Um dos projetos mais importantes em minha carreira até aqui, sem dúvida, foi o Projeto Murographia, realizado em 2008, a convite do Sesc Ipiranga, em São Paulo.


Tudo começou ainda em 2007, quando uma das responsáveis pela programação da unidade visitou a minha exposição na estação Vila Madalena do Metrô. Ela gostou do meu trabalho e enxergou a possibilidade das minhas colagens serem adequadas a um projeto já desenvolvido pelo SESC Ipiranga há algum tempo, sempre alternando as técnicas artísticas, o Murographia.




Durante quatro finais de semana realizei oficinas de colagem com sete jovens da comunidade de Heliópolis. Durante os encontros, propus a produção de um painel de 500 x 60 cm, representando o mapa-mundi.


Os jovens foram os responsáveis por pesquisar na internet e definir quais as imagens que iriam compor o painel. Durante a pesquisa muitas dúvidas surgiram e procurei responder tudo o que estava a meu alcance, o importante era não deixar perguntas sem resposta. De qualquer forma, o que estava valendo ali, de verdade, era o estímulo à pesquisa.




O resultado do trabalho coletivo permaneceu exposto no hall de entrada do SESC, foi fotografado e detalhes da obra reproduzidas em um muro de 25 x 3 metros, no quintal da unidade.

sábado, 26 de junho de 2010

Oficinas de colagem para artesãos licenciados de Curitiba


Iniciativa da Prefeitura de Curitiba – Instituto Municipal de Turismo - Coordenação de Artesanato

A convite e graças ao apoio do Instituto Municipal de Turismo – Coordenação de Artesanato, aproveitando minha passagem por Curitiba quando da participação na Feira ReciclAção, nos dias 21 e 22 de junho de 2010 realizei 4 oficinas a 60 artesãos licenciados.


O evento marcou a inauguração do espaço para oficinas na Casa do Artesanato, reaberta em março após ser restaurada. Na reforma, a estrutura interna teve mudanças. No térreo, funciona uma loja para a venda e exposição de objetos feitos por artesãos locais e um Ponto de Informação Turística, com dicas sobre os melhores locais para visitação, meios de transporte, hotéis e restaurantes.A Casa do Artesanato de Curitiba foi criada em 16 de novembro de 1980 e já funcionou em outras sedes, entre elas na Rua Doutor Muricy. Em 1990, passou para o endereço atual, na Mateus Leme.


Creio que não preciso dizer, mas ministrar oficinas para artesãos não é lá uma tarefa muito fácil, é uma grande responsabilidade. São profissionais habituados a lidar com os mais variados materiais, experts no quesito criatividade, já que têm no artesanato, quando não a garantia do sustento, uma importante complementação de renda.

Cabe aqui ressaltar o cuidado e a atenção da Prefeitura de Curitiba para com os setores de Artesanato e Turismo. O Instituto Municipal de Turismo, através de sua Coordenação de Artesanato, anteviu a possibilidade da técnica de colagem, presente em meus trabalhos, servir de complemento às técnicas usuais na atividade desenvolvida na cidade. É claro que tendo sido eu o escolhido para realizar as oficinas, transformo-me em suspeito para falar, mas achei esta iniciativa o máximo.


A idéia da Coordenação de Artesanato é a de também oferecer outros cursos sempre com a idéia de diferenciar cada vez mais o já competente Artesanato de Curitiba, potencializando o emprego de materiais recicláveis na produção das peças.

Trabalhei com 4 turmas maravilhosas, de um carinho e atenção sem igual. Depois das oficinas na Casa do artesanato, saí de Curitiba com aquela sensação gostosa de dever cumprido e muito, muito feliz.
As oficinas foram um sucesso! Propiciaram um intercâmbio artístico maravilhoso. Aprendi muito e fiz uma porção de amigos.



Descobri, em contato com os artesãos, que a colagem pode ter um alcance muitíssimo maior do que o imaginado até aqui pelos artistas que dominam a técnica.

Quero agradecer a todos do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba pela confiança e pela atenção para com este “arteiro”, em especial a Marily Pires Lessnau e Lucilene Cristovam, da Coordenação das Feiras de Artesanato.

No domingo dia 20, na véspera das oficinas, pude tomar contato mais próximo com os artesãos e com o público em geral ao participar da Feira Garibaldi, também conhecida como Feira do Largo da Ordem, a segunda maior feira de artesanato do país.
Expus meus quadros da nova série Arte e Sustentabilidade e, ao trocar figurinhas com visitantes e participantes, constatei o quanto a cidade de Curitiba é voltada para a Cultura de uma forma geral.

Artigo Paraná Online
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/453979/?noticia=ARTISTA+DE+COLAGEM+PARTICIPA+DE+FEIRA+DE+RECICLAGEM

Feira Garibaldi
http://www.feiradolargo.com.br/

Colagem - Arte Ambiental - Feira de reciclagem - ReciclAção - 2010


Há muito penso em participar de uma feira de sustentabilidade em suas mais variadas vertentes.
A primeira que deu tudo certo, de fato, foi a ReciclAção – Feira Brasileira de Reciclagem, Preservação & Tecnologia Ambiental, cuja quinta edição aconteceu em Curitiba de 16 a 19 de junho de 2010.


Sempre acreditei que meu trabalho tem tudo a ver com reciclagem e com conscientização ambiental. Quando comecei a dedicar mais tempo à colagem, meus amigos e vizinhos passaram a doar revistas. Ao constatar que a matéria-prima da minha arte era “lixo”, as fichas caíram. Percebi que minha arte estaria para sempre associada à reciclagem e à preservação.

Passei a atuar mais efetivamente na área de conscientização ambiental ao perceber que as crianças e jovens que participavam dos meus workshops poderiam, através de uma experiência lúdica, sair dali e imediatamente atuar e propagar o conceito da reciclagem, de forma prática e eficaz. Não sei se acontecerá através da colagem, mas penso que ao introduzirmos este novo conceito de vida na cachola da garotada, de verdade, faremos a diferença.

Sendo assim, seguindo essa linha de raciocínio, não estive na feira para vender quadros, não diretamente. Viajei a Curitiba e fiz questão de participar deste importante encontro, promovido há 5 anos pela Monte Bello Eventos, para divulgar a colagem aliada à reciclagem e para lançar à coletividade a proposta do emprego da técnica como ferramenta didática para conscientização ambiental.




Creio que, desta forma, conseguiremos, junto às futuras gerações, promover uma reconceitualização quanto ao real significado do que hoje compreendemos por “lixo”.

Quero agradecer a Valdir Bello, da Monte Bello Eventos, por seu apoio e visão profissional.

Apoio: Prefeitura de Curitiba - Instituto Municipal de Turismo - Coordenação de Artesanato

Contato Silvio Alvarez
silvioalvarez@gaiabrasil.com.br 

www.silvioalvarez.com.br

Site da ReciclAção

Artigo Paraná online

Coluna de Vera Rosa
Guia de São José dos Pinhais - Hora H News

Oficina de colagem para catadores da CoopZumbi


Outra importante experiência que ajudou a desencadear meu despertar ecológico foi ter conhecido Dona Nêga, uma senhora de 70 anos, natural aqui da cidade em que hoje resido, Joanópolis - SP. Dona Nêga complementa sua aposentadoria recolhendo papelão, revistas e outros materiais para vendê-los à reciclagem. Tudo o que sobra de minha produção vai para ela. Vê-la, com o vigor de um jovem, alterar toda uma realidade de vida difícil, a partir da reciclagem, fez-me pensar muito. Se ela, sozinha, pode... Por que o mundo não pode?


Ao trocar idéias com amigos de Curitiba no Twitter, depois de confirmada minha passagem pela cidade, fui convidado por Janine Rodrigues a realizar uma oficina de colagem para catadores de recicláveis da Cooperativa Zumbi, no município de Colombo, na Grande Curitiba.

A oficina aconteceu no dia 16 de junho de 2010, das 14 às17 horas. Foi uma experiência incrível, um enorme desafio.


Contudo, é aí que a gente se engana. Além de potencializar e incentivar a geração de renda através do artesanato a partir de materiais recicláveis, percebo que as oficinas promoveram também a confraternização do grupo deram uma forcinha na auto-estima da galera. Já deixei combinado de retornar em breve à CoopZumbi para a criação e produção coletiva de um painel de colagem. Assim os cooperados poderão vender a peça para ajudar nas despesas.



Quero agradecer a Janine Rodrigues, Heriberto Werner e a todos da Cooperativa Zumbi, pela acolhida, disponibilidade e atenção para com este “arteiro”.


Blog das Cooperativas Autônomas

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Silvio Alvarez - Colagem - Painel A árvore para Museu da Sustentabilidade - Praça Victor Civita - Editora Abril


O dia em que plantei minha Árvore

Em tempos de aquecimento global, percebo que a colagem pode atuar como importante instrumento de conscientização ambiental. A arte de recortar e colar, a meu ver, transmite algo fundamental, sobretudo nestes nossos dias... Que para revertermos esta situação em que o mundo se encontra, precisamos, acima de tudo, reciclar, reciclar, reciclar...

Em junho de 2010 completará um ano que desenvolvi o projeto A Árvore, para a Editora Abril. Após apresentar meu trabalho, a área de sustentabilidade da editora julgou por bem me chamar para desenvolver um projeto na Semana do Meio Ambiente de 2009. Foi um passo muito importante em minha carreira.



Procurei criar algo que simbolizasse a empresa, mas que também transmitisse a idéia de que nós, seres teoricamente pensantes, deveríamos parar de falar em meio ambiente como se não fizéssemos parte dele.

A textura amarela, base do trabalho, foi conseguida com as famosas e tradicionais “páginas amarelas” da Revista Veja.



Levei a textura amarela já pronta e, na área de convivência do prédio da editora, na Avenida Nações Unidas, com toda a estrutura necessária, completei o trabalho contando com a participação dos funcionários. Permaneci no local de segunda a sexta-feira, das 7 da manhã às 21 horas, mais ou menos. Reservei o sábado apenas para o acabamento.

Foi uma experiência fascinante, um quase “reality show” artístico e sustentável. De tanto me verem colando olhinhos sem fim, os funcionários passaram a acompanhar intensamente e até a torcer para que eu concluísse o projeto a tempo.







O painel “A Árvore” – colagem sobre MDF – tem 250 x 350 cm - 2009







quinta-feira, 6 de maio de 2010

Oficinas de colagem na Penitenciária de Viana


Uma iniciativa da Associação Justiça Social – Tribunal de Justiça do Espírito Santo - e Secretaria de Estado da Justiça.

No final do ano de 2009 concedi uma entrevista ao site de sustentabilidade EcoD com o título “Montando o Retrato do Mundo”. http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/montando-o-retrato-do-mundo

Fabrício Costa, da Associação Justiça Social, lá em Vitória – ES, leu a reportagem e vislumbrou que o meu trabalho com oficinas de colagem poderia ser útil para o processo de ressocialização e desenvolvimento dos internos da Penitenciária Agrícola de Viana, onde funciona um Centro de Formação Profissional – CEFOP.

Trocamos muitas idéias durante alguns meses e, assegurado de que trabalharia em segurança, topei mais este desafio, com muita alegria.


Em parceria com o Tribunal de Justiça do ES, a Associação Justiça Social executa projetos de desenvolvimento humano e social. Os recursos mobilizados são direcionados para a criação e implantação de ações que tragam impacto positivo na qualidade de vida das pessoas envolvidas e atendidas. No caso deste projeto das oficinas de colagem, a Associação contou, também, com o apoio da Secretaria de Estado da Justiça.

De 26 a 30 abril de 2010 realizei 10 oficinas (de três horas cada) no Centro de Formação Profissional da Penitenciária Agrícola de Viana. Trabalhei com 18 internos do regime semi-aberto, sendo 8 na parte da manhã e 10 na parte da tarde.


De forma geral, em minhas oficinas, busco estimular a criatividade do participante e reiterar junto a este a importância do reaproveitamento dos materiais, sobretudo o papel.

No caso específico das oficinas na Penitenciária Agrícola, norteado pelo tripé Cidadania/Ética – Capacitação Técnica – Geração de Renda/Sustentabilidade, procurei, também, trabalhar a auto-estima do interno a partir do fazer artístico e estimular o emprego da sensibilidade através da prática de selecionar, recortar e colar pequenos pedaços de papel, dentro de um processo criativo.

Cada um dos participantes produziu um quadro de colagem, uma colagem em caixa utilitária e colaborou na criação e produção coletiva de painéis de colagem em MDF - 150 x 150 cm.


O momento mais intenso, desafiador e gratificante de toda a atividade, porém, foi a produção dos painéis de colagem. Propus aos internos que criassem e produzissem, coletivamente, uma obra de arte a partir do tema Liberdade. Além de todo o material necessário, foram disponibilizadas cerca de mil revistas, doadas por voluntários do Tribunal de Justiça.



As oficinas contaram com o suporte do coordenador da Associação Justiça Social, Fabrício Costa de Oliveira e das professoras de ensino fundamental, Graça e Lourdes, presentes durante todo o curso. Deram suporte, também, o coordenador do CEFOP, Gerson Peixoto e os profissionais do Serviço Social da Penitenciária.





Testemunhei, “in loco”, as iniciativas de ressocialização desenvolvidas no complexo penitenciário de Viana pela SEJUS, IFES, TJ e AJS, fonte de inspiração. Dentre as atividades, destaco o curso de soldador eletrodo e o viveiro de mudas de eucalipto.

A turma do CEFOP da Penitenciária Agrícola de Viana participou ativamente, não deixou a oportunidade passar, agarrou-a como a uma tábua de salvação.

Acredito que, ao se sentirem capazes de criar algo bonito a partir de revistas usadas, os internos tiveram a chance de passar a vivenciar, menos na teoria e mais na prática, de forma mais intensa, o seu processo íntimo de ressocialização.

Sigo mais fortalecido a partir daqui, como homem e como artista, pois foi muito bom sentir que o meu trabalho, além de meramente decorativo, pode ser também útil à coletividade em um outro sentido. E, ainda, que recortando e colando papeizinhos, posso tocar o coração de alguém e ajudar a mudar uma realidade de vida difícil, muitas vezes sem saída.
Desejo muita sorte a todos eles neste reingresso à sociedade.



Com Fabrício Costa de Oliveira, coordenador da Ass. Justiça Social e a turma da manhã.


Com Gerson Peixoto, coordenador do Centro de Formação Profissional e a turma da tarde.

Reportagem TV Justiça


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Arte e conscientização ambiental - A colagem como ferramenta didática



Fotos: Silvio Tanaka

Em tempos de aquecimento global, percebo que a arte da colagem pode atuar como importante instrumento de conscientização, muito mais eficiente, por exemplo, do que longos sermões a respeito da devastação do Planeta. A colagem, além de estimular a criatividade, transmite algo fundamental: que para revertermos esta situação precisamos, acima de tudo, reciclar, reciclar, reciclar...

Leio e ouço falar de preservação ambiental, da necessidade de reciclagem há muito tempo, desde minha meninice. Mas apenas passei a atuar mais efetivamente neste sentido ao perceber o quanto as crianças e jovens que participavam das minhas oficinas poderiam, a partir de uma experiência lúdica, sair dali e imediatamente propagar o conceito do reaproveitamento dos materiais, de forma prática e eficaz.



Outras experiências similares em escolas públicas e centros culturais somente reforçaram a minha visão de que a colagem, sobretudo quando proposta como meio de integração em construção coletiva, pode atuar como eficiente ferramenta didática para a conscientização ambiental das futuras gerações.