Descobri a técnica da colagem intuitivamente, por volta dos 25 anos de idade, sem ter demonstrado qualquer aptidão artística na infância ou adolescência. A expressão artística do recortar e colar surgiu, espontaneamente, da necessidade de superar um momento difícil de minha vida.
Recortando figuras de revistas, desconstruindo cenas cotidianas, montando novas realidades em composições artísticas simples, compulsivamente naquele momento, recriei meu mundo, encontrei um caminho e, a partir daí, contei também com apoio profissional terapêutico.
“Colagem é a transfiguração de todas as coisas e seres, em uma mudança de significado.” (Max Ernst / 1891-1976 – pintor surrealista alemão).
Convidado a dar aulas e a contar minha experiência no curso de pós-graduação em Arteterapia, da Unip, como autodidata, julguei necessário adquirir experiência de campo realizando oficinas, a maioria delas de forma voluntária, com os mais diferentes públicos, sobretudo crianças de escolas públicas, incluindo o contato com uma grande gama de deficiências físicas e mentais. Além de me tornar um artista plástico, e de ter meus quadros publicados em cerca de dez livros didáticos, de 2006 a 2018 realizei oficinas de colagem para mais de 25 mil pessoas.
Vejo as revistas como catálogos universais da vida em sociedade. Ao permitir a escolha aleatória de imagens cotidianas retiradas de revistas, desde que proporcionado um ambiente lúdico e afetivo, o inconsciente tende a se expressar livremente dando vazão às principais urgências do conteúdo emocional do indivíduo.
“Um dos aspectos mais importantes da colagem está em abrir amplíssimas possibilidades de manifestação artística sem exigir a aprendizagem de técnicas delicadas e complexas como todas as formas de arte tradicional do ocidente: pintura, escultura, gravura, desenhos, etc. A colagem tem, assim, o caráter de um meio mais democrático de criação artística, aberto a todos sem exceção. É também democrático por não exigir obrigatoriamente o emprego de materiais de alto preço, como as formas mais tradicionais de expressão artística.¨ (Mário Schemberg / 1940-1990 / físico, político e crítico de arte brasileiro).
Em sala de aula, a colagem, além de trabalhar a coordenação motora, estimular a criatividade e ressaltar a importância do reaproveitamento de materiais, possibilita aos educadores um meio eficaz de contato com a realidade do aluno de forma simbólica mais profunda. Oportuniza, também, a identificação antecipada de possíveis dificuldades nas áreas cognitiva e afetiva que poderiam colocar em risco o bem-estar da criança, se não houver um encaminhamento mais rápido e efetivo de cunho preventivo.
Tudo aquilo que faz parte do nosso dia a dia está presente nas revistas, já pronto e à disposição, mesmo que de forma simbólica. E é o símbolo, justamente, que pode fornecer a chave para a compreensão, encaminhamento e tratamento de possíveis dificuldades de aprendizado identificadas em sala de aula, das mais simples às mais complexas.
“A imaginação simbólica é sempre um fator de equilíbrio. O símbolo é concebido como uma síntese equilibradora, por meio da qual a alma dos indivíduos oferece soluções apaziguadoras aos problemas”. (Gilbert Durand / 1921 -2012 / professor universitário francês reconhecido por seus trabalhos sobre o imaginário e mitologia).
Silvio Alvarez – artista plástico paulistano, autodidata, dedica-se à técnica da colagem desde 1989. O artista produz em um processo inteiramente manual. As imagens são recortadas de revistas, uma a uma, sem que sejam multiplicadas ou ampliadas, para compor um mundo novo, mágico e surreal. Criador do projeto Artistas do Futuro, realiza oficinas para públicos de todas as faixas etárias, nas quais, sempre de forma lúdica, aliando conceitos de arte – criatividade – sensibilidade – conscientização ambiental, busca ressaltar o potencial criativo do ser humano.
Contato Silvio Alvarez
silvioalvarez@uol.com.br (11) 97119-9050
www.silvioalvarez.com.br
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