terça-feira, 14 de junho de 2016

Projeto Artistas do Futuro - releituras, a Colagem a serviço da arte educação




Há alguns anos tomei contato com o trabalho desenvolvido pela professora de artes Simone Santiago, da rede pública de ensino do Rio de Janeiro. Na ocasião a professora desenvolveu com seus alunos a proposta de releituras digitais de obras célebres. Foi o trabalho da professora Simone que me trouxe a inspiração para a criação do projeto Artistas do Futuro.  



Na mesma época, ao realizar uma oficina para professores, uma participante desenvolveu um trabalho na linha da pop art e quis saber mais do se tratava, pois desconhecia o movimento artístico. 

Raciocinei a respeito da realidade brasileira no ensino da arte e, apesar do esforço de muitos professores, concluí que a grande maioria dos alunos chega ao ensino médio e à idade adulta desconhecendo a existência da Mona Lisa. 



Mais do que erudição a arte referencia a criança a enxergar o mundo com sensibilidade, a raciocinar, a criar, a desbravar horizontes além daqueles referenciados pelos seus pais ou por seu meio social e cultural.   

A partir dessas inspirações criei o Projeto Artistas do Futuro, desenvolvido em escolas públicas brasileiras com apoio espontâneo de empresas ou por intermédio de Leis de Incentivo. Voltado a crianças e jovens, da pré-escola ao ensino médio, o projeto acontece nas próprias salas de aula. Em uma oficina com duração de duas horas, com público médio de 30 alunos, apresento 5 obras célebres e proponho a seguir a produção de releitura em colagem de uma das obras, empregando recortes de revistas e uma reprodução fotográfica do quadro escolhido. 




Muito se questiona a validade de se propor a produção de releituras no ensino da arte. Acredito que o que pode fazer total diferença é a forma e a profundidade com que se apresenta a obra ao aluno previamente. Na apresentação das obras, opto sempre pelo caminho da ludicidade, seja qual for a faixa etária do aluno. A meu ver a arte deve referenciar a criança ou o jovem relacionada à algo prazeroso, divertido. Vejo também que, quando não há o estudo da arte com profundidade no currículo regular, a releitura oferece a oportunidade de se tomar contato com a arte de forma mais próxima, rompendo fronteiras, distanciando o aluno do conceito de que arte é para poucos e que deve permanecer inviolável entre as paredes dos museus. 

Penso que certos questionamentos a respeito do emprego das releituras em sala de aula deveriam ser deixados de lado no Brasil até que outras prioridades educacionais fossem supridas. Neste momento, todo contato com a arte proporcionado ao aluno, seguindo os critérios básicos,  pode desencadear seu interesse pela pesquisa e, por conseqüência, fazê-lo desbravar o universo da arte, este já sabedor de sua importância. Questionar a utilização de releituras na arte educação, a meu ver, é semelhante de se inquirir a respeito da validade dos gibis para o estímulo à leitura, eles sozinhos não são de fundamental valia, mas podem ser muito importantes para que a criança adquira o hábito da leitura para toda a vida. 




Nas minhas oficinas do projeto Artistas do Futuro, antes de apresentar as obras e seus autores, procuro transmitir conceitos que contextualizam a arte no dia-a-dia de todo ser humano. Sempre por intermédio de dinâmicas lúdicas, questiono o porquê do homem das cavernas já rabiscar paredes, apresento a arte como um dos meios de sensibilização e do desenvolvimento da criatividade, trato também da arte antes e depois da fotografia, além de outros conceitos que possam aproximar a expressão artística do cotidiano do aluno. Na pré-escola ainda cito os vários tipos de arte que existem. Creio que o mais importante neste processo da releitura é a possibilidade do contato do aluno com o universo criativo de cada artista. Sem falar, é claro, na conscientização ambiental, ao estimular a reciclagem dos materiais por meio da técnica de colagem, reaproveitando revistas usadas.  


“Sou como as crianças da escola. A página em branco está bem escrita, mas, de repente... Um borrão! Ainda sigo nos borrões... E tenho 40 anos”.  Pierre-Auguste Renoir 

O projeto Artistas do Futuro é realizado em três formatos, independentes ou seqüenciados, cada um deles com 5 obras e 5 pintores diferentes. 

No primeiro, ideal para a pré-escola ao 3° ano, apresento: Mona Lisa – Leonardo da Vinci, O Retrato de Dora Maar – Pablo Picasso, Morro da favela – Tarsila do Amaral, Barco com bandeirinhas e pássaros – Alfredo Volpi e Meninos brincando – Cândido Portinari.  





No segundo, apresento: Rosa e Azul – Pierre-auguste Renoir, Os girassóis – Vincent Van Gogh, A dança  - Henri Matisse, Persistência da memória – Salvador Dalí e O violeiro – Almeida Junior.





No terceiro, ainda em elaboração, serão apresentadas obras dos seguintes artistas: René Magritte, Frida Kahlo, Andy Wahrol, Maurits Cornelis Escher e Aldemir Martins. 





Depois de falar a respeito da importância da arte em nossas vidas, apresento as cinco obras e falo dos seus autores, a criança escolhe um dos quadros mencionados, aquele com que mais se identifica, e recebe uma reprodução fotográfica 15 x 10 cm em papel couchê, e, busca nas revistas imagens com o conceito a ser alcançado em sua releitura.  O material é cola branca, pincel, tesoura e a base empregada para a produção é o papel cartão colorido 15 x 15 cm - 240 gramas. O papel cartão colorido para a escolha de uma cor específica é importante, sobretudo, para alunos da pré-escola até o 1° ano, pois nesta faixa etária deixo livre a proposta da textura de fundo e as crianças utilizam na composição a cor escolhida da base. 

Cerca de 8 mil crianças e jovens já participaram das oficinas do projeto Artistas do Futuro e o resultado é sempre maravilhoso. Os alunos se divertem a valer e trazem o seu cotidiano para as composições. Para os professores das salas atendidas abre-se um caminho gigante de pesquisa para as aulas em praticamente todas as disciplinas. 



Para prosseguir, o projeto Artistas do Futuro necessita sempre do apoio de empresas ou pessoas interessadas, que podem ocorrer de forma espontânea ou por intermédio de leis de incentivo. Entre em contato e tenha maiores informações. Em 2015, de forma espontânea, quem abraçou o projeto foi a Henkel (colas Pritt e Cascorez) por intermédio do Programa Make an Impact on Tomorrow - MIT. Em 2016, o projeto, por intermédio da lei de incentivo PROAC - ICMS os patrocinadores são Lojas Tanger, Móveis Província e Margírius.  

Abaixo trabalhos de alunos que participaram das oficinas do projeto Artistas do Futuro









Contato com Silvio Alvarez

www.silvioalvarez.com.br 

silvioalvarez@uol.com.br 

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