terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Oficinas de arte e criatividade - colagem para crianças, jovens e adultos surdos – Escola Helen Keller


Tomei contato com o trabalho da Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Helen Keller, localizada no bairro da Aclimação, em São Paulo, por intermédio do Twitter, ao conhecer e trocar informações com a diretora Mônica Amoroso. 


Com a diretora Mônica Amoroso, parceria firmada, e alguns dos trabalhos de colagem desenvolvidos durante as oficinas em exposição no 60° aniversário da escola. 

Em 2012, a EMEBS Helen Keller comemorou 60 anos de existência. Fundada em 13 de outubro de 1952 e é a 1º escola pública de São Paulo a atender crianças surdas. O atendimento especializado foi ampliado e hoje a escola é voltada para educação de crianças, jovens e adultos com surdez, com surdez associada a outras deficiências, limitações, condições ou disfunções e surdocegueira.


Helen Keller (1880-1968) foi uma escritora, filósofa, ativista social e conferencista norte-americana que, surda e cega desde os primeiros anos de vida, comprovou, com a sua trajetória, que as deficiências sensoriais não são, e não devem ser impedimento para a realização pessoal. Anne Sullivan foi sua professora, companheira e protetora. 

Até o momento, durante o segundo semestre de 2012, realizei 6 oficinas para crianças, jovens e adultos surdos na escola. Escrevo este post com o intuito de que outros profissionais de artes tenham mais informações para o desenvolvimento de projetos similares voltados a esse público específico.  


Algo muito importante para a realização das atividades é termos a consciência de que o contato será extremamente facilitado se procurarmos pensar como surdos, e não como ouvintes. Como ouvintes, adquirimos alguns “vícios” de linguagem, formas de nos relacionarmos com o mundo que não necessariamente fazem o mesmo sentido aos surdos.  Exemplo disso é a relevância da imagem para eles. Se para os ouvintes a imagem tem enorme atrativo, para os surdos o significado é ainda maior. 


Como não domino a língua brasileira de sinais, durante as atividades, contei com o suporte das professoras. A princípio realizei as oficinas com as professoras traduzindo simultaneamente o que eu tinha a dizer. Contudo, concluí que a melhor forma de comunicação era explicar antes a etapa da atividade para a professora e deixá-la apresentar aos alunos a seu modo. Na sequência, ilustrava a apresentação com mímica, realizando a etapa procurando ressaltar os movimentos faciais. Com a tradução simultânea, as crianças ficavam sem saber se olhavam para mim ou para os sinais da professora. 





A quantidade de participantes que se mostrou ideal para a oficina de colagem para surdos é de 15 pessoas e com, no mínimo, duas horas e meia de duração. O tamanho da base em papel cartão, em relação às demais oficinas, permaneceu o mesmo (15 x 15 cm), bem como os outros materiais. Quando a surdez é associada a outras deficiências, limitações, condições ou disfunções, a atividade é realizada tão somente com imagens e texturas rasgadas, sem o emprego da tesoura, e com base em papel cartão 20 x 15 cm. 




Outro aspecto importante é a apresentação da proposta da colagem de “textura de fundo” (expressão utilizada comumente nas minhas oficinas). No lugar de colar “textura de fundo” propusemos aos participantes que buscassem nas revistas cores que combinassem com a imagem central escolhida.

Para facilitar a apresentação em libras, cada etapa é anunciada separadamente. Primeiro buscam a imagem central e a recortam, na sequência buscam as cores e rasgam os pedaços. Por fim, partem para a colagem, primeiro das cores e depois da figura central. 

É possível propor a atividade como “pintura com papel”. Depois de realizar algumas oficinas, cheguei à conclusão de que a melhor forma de se apresentar o que teria de ser feito era demonstrar fazendo.

Oficina de colagem para o Gabriel, aluno surdocego. 

No mês de outubro de 2012, realizei oficina para o Gabriel, aluno surdocego, que perdeu a visão por volta dos cinco anos de idade. Para tanto, contei com o suporte da professora Magaly Dedino, que no período da manhã leciona exclusivamente para o jovem. Gabriel, que se comunica por intermédio de libras táteis, já desenvolve, tanto em casa quanto na escola, uma série de atividades manuais e demonstrou grande habilidade ao utilizar a tesoura.


Com a Profa. Magaly Dedino e seu aluno e, abaixo, a colagem do Gabriel


 Aproveito a oportunidade para agradecer a toda a equipe da Escola Helen Keller pela atenção, carinho e paciência para com este arteiro recortador de papelzinho. Em 2013 estarei novamente com vocês. 






Contato para oficinas ou para mais informações

Mais fotos das oficinas na Escola Helen Keller

Blog da Escola Helen Keller
http://surdohk.blogspot.com.br/

Helen Keller – Wikipédia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Helen_Keller

Um comentário:

  1. Ótimo! Parabéns, mais uma vez! O que acho interessante é que você consegue adequar a metodologia de trablaho ao público-alvo. Isso torna seu trabalho ainda mais maravilhoso!

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