quarta-feira, 4 de julho de 2012

Colagem - A colagem do artista plástico Silvio Alvarez - Processo criativo


Resolvi escrever este post devido à quantidade de perguntas que surgem nas oficinas referentes ao processo criativo dos meus quadros. Acho muito bacana quando o meu trabalho de colagem com recortes de revistas desperta esta curiosidade. 

Como surgem os temas dos quadros? 


Foto: Zé Goulart

Em geral os meus quadros tratam da relação do homem com o meio ambiente, com as grandes cidades, e, sobretudo, da relação do homem com ele próprio. A partir deste tema básico, a inspiração pode vir das mais variadas fontes.

A invasão dos Pinguins, de 2010, por exemplo, surgiu de uma reportagem de telejornal, que narrava a aventura de um pinguim da Patagônia perdido que veio boiando em seu iceberg até o Rio de Janeiro. Imaginei como seria, com as mudanças climáticas avançando, uma hipotética invasão desses simpáticos bichinhos mundo afora. 


Já o quadro Os Cordeiros, de 2012, nasceu da minha eterna indignação com um fato que, a meu ver, é um dos principais males contemporâneos. É o que classifico particularmente como “psiquiatrização da sociedade”. 


A partir da inspiração, que pode vir a qualquer hora e lugar, a ideia básica do novo quadro aparece praticamente pronta em minha cabeça. Recorro, então, a uma espécie de sketchbook de colagem apenas para ter uma referência visual do tipo de imagem e das tonalidades ideais que irei empregar no quadro. 


A grande diversão arteira começa neste ponto, procurar nas revistas tudo o que preciso para o novo trabalho. Em geral folheio revistas já buscando material para 20, 30 quadros, o que economiza tempo. Folhear revistas em busca das figuras é a melhor parte, a mais divertida, mas é também a etapa mais demorada. Durante o agradável ritual de garimpar imagens nas revistas, a ideia original pode ganhar outro rumo, mas o básico visualizado inicialmente, em geral, é mantido. 


Vou procurando as imagens nas revistas e arrancando as páginas que trazem aquilo que quero. Em meu arquivo, vou separando em pilhas de páginas, uma pilha de páginas de revistas para cada quadro. Aproveito também para arquivar, por categorias, imagens que encontro nas revistas e que usualmente são necessárias às produções.


Com uma quantidade suficiente de imagens selecionada, passo a verificar o que realmente irá para o quadro e o que voltará para o arquivo. Com tudo selecionado e definido, inicio o recorte das imagens e das texturas, guardando-as em bandejinhas de isopor, separadas por tamanho e também por tonalidade. 




Com tudo recortado e separado nas bandejinhas, começo a colagem propriamente dita. O passe-partout é a primeira parte que colo, sempre.


Espero que estas dicas auxiliem quem está querendo começar a recortar e a colar ou a quem quer apenas aprimorar a técnica.  

Sejam muito bem-vindos ao maravilhoso mundo do recorta e cola :D 

4 comentários:

  1. Adorei passar aqui, Sílvio! =) Obrigada pelas dicas! Sucesso sempre, moço arteiro!Bjs!

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  2. Nem sei o que me encanta mais, se são as obras prontas, o processo em si, ou a sua organização! rsrsrsrs

    Processos criativos me inspiram, me incentivam a criar, acho parte fundamental do processo, pra que a gente se inclua na obra e vivencie o que está fazendo. Tenho meu processo criativo em imagens, depois te mostro.

    Adorei saber um pouquinho mais, muita vontade de bisbilhotar nessas revistas.. um dia vou ver de perto e provar o café de Joanópolis ;o)

    Beijos ♥

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  3. Olá Ane! Um grande abraço, agradeço tua visita.

    Olá menina Tays. Venha sim :) E quero ver o teu processo criativo também. Um grande abraço!

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  4. Já te admirava e me encantava com seus trabalhos... e saber que és organizado para colocar em prática suas obras, me deixou mais fascinada.
    Ainda encontrei acima o comentário de Tays, que tive o prazer de conhecer quando morou por aqui... com certeza os seres sensíveis, dedicados e criativos se encontram pelo mundo afora e nos presenteiam com lindas obras!!!
    Grande beijo,

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