sábado, 10 de agosto de 2013

Colagem - Este quadro tem história: Cachorros



Cachorros collage sobre MDF – 100 x 70 cm – 2013 

O quadro Cachorros foi elaborado a partir de algo que observei nas redes sociais ainda em 2012. A princípio percebi que temas relativos a animais domésticos eram muito mais “curtidos” e “compartilhados” do que aqueles que abordavam temas sobre seres humanos. Não é difícil encontrarmos nos comentários mensagens que comparam os homens aos cães, sempre com ampla desvantagem para os primeiros. 

Fiquei com a ideia em mente, homens com cabeças de cachorro, utilizando a variedade de raças caninas para citar a diversidade comportamental humana. No início de 2013 realizei oficinas em Ribeirão Preto e no meu retorno, no ônibus, sentei-me ao lado do sociólogo Thiago Pizzo. Viemos conversando boa parte da viagem e minha ideia para o quadro foi um dos temas abordados. Thiago relacionou a minha observação a respeito do que notava nas redes sociais ao pensamento de Diógenes de Sínope e do Cinismo. 

De volta a Joanópolis, a cada nova pesquisa na internet sobre o filósofo grego, mais e mais o conceito do quadro ganhava corpo. 


Diógenes de Sínope (413 - 323 a.C.) filósofo grego, aluno de Antístenes, fundador da escola cínica, andava durante o dia, em Atenas, em meio às pessoas com uma lanterna acesa, ironicamente, buscando um homem que vivesse segundo a sua essência. Procurava um homem que vivesse sua vida superando as exterioridades exigidas pelas convenções sociais como comportamento, dinheiro, luxo ou conforto. O filósofo buscava um homem que tivesse encontrado a sua verdadeira natureza e que fosse feliz.

Diógenes buscava descobrir esses modos de viver tentando demonstrar que as pessoas têm a seu dispor tudo aquilo que realmente precisam para ser feliz. Mas para tanto têm que conhecer a sua natureza e as verdadeiras exigências que essa lhe faz. Afirmava que muito além de conceitos o que importava era a ação, o comportamento e o exemplo. Nossas reais necessidades eram para ele aquelas que nos impõe a nossa condição animal, como nos alimentar por exemplo. O animal também não tem objetivos para viver, ele não tem que responder pelos seus atos para a sociedade, ele não precisa de casa ou conforto. É nas necessidades básicas dos animais que o homem deve se espelhar para conduzir sua vida.

Diógenes colocou em pratica os seus pensamentos e passou a viver perambulando pelas ruas na mais completa miséria tomando por moradia um barril o que se tornou um ícone do quão pouco os homens precisam para viver. Alimentava-se do que conseguia recolher em sua cuia. Tinha por proteção um manto que usava para dormir e usava os espaços públicos para fazer tudo mais que precisava.  Segundo ele esse modo de viver o deixava livre para ser ele mesmo, pois eliminava a necessidade de coisas supérfluas. Ele acreditava atingir essa liberdade cansando o corpo para se habituar a dominar os prazeres até desprezá-los por completo, pois para os cínicos os prazeres enfraquecem o corpo e a alma, pondo em perigo a liberdade do homem pois o torna escravo dos mesmos.
           
Algumas frases atribuídas a Diógenes de Sínope 

- Busco um homem honesto.
- Elogiar a si mesmo desagrada a todos.
- O amor é uma ocupação de quem não tem o que fazer.
- O insulto ofende a quem o faz e não a quem o recebe.
- O tempo é o espelho da eternidade.
- Sou uma criatura do mundo.

Muitas das menções a Diógenes referem-se ao seu comportamento semelhante ao de um cão, e seu elogio às virtudes dos cães. Não é sabido se o filósofo se considerava insultado pelo epíteto "canino" e fez dele uma virtude, ou se ele assumiu sozinho a temática do cão para si. Os modernos termos "cínico" e "cinismo" derivam da palavra grega "kynikos", a forma adjetiva de "kynon", que significa "cão".Diógenes acreditava que os humanos viviam artificialmente de maneira hipócrita e poderiam ter proveito ao estudar o cão. Este animal é capaz de realizar as suas funções corporais naturais em público sem constrangimento, comerá qualquer coisa, e não fará estardalhaço sobre em que lugar dormir. Os cães, como qualquer animal, vivem o presente sem ansiedade e não possuem as pretensões da filosofia abstrata. Somando-se ainda a estas virtudes, estes animais aprendem instintivamente quem é amigo e quem é inimigo. Diferentemente dos humanos, que enganam e são enganados uns pelos outros, os cães reagem com honestidade frente à verdade.

Quadro Cachorros – em produção 



Detalhes do quadro Cachorros







Fonte

Diógenes de Sínope – Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%B3genes_de_Sinope#A_tem.C3.A1tica_do_c.C3.A3o

Só Filosofia
http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=30

Contato Silvio Alvarez
silvioalvarez@uol.com.br

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