Conheci a fisioterapeuta Aline Poli quando realizei as oficinas para crianças especiais no Projeto Acolher, em Joanópolis – SP, em agosto de 2012. Logo nas primeiras oficinas Aline me convidou para também realizar oficinas no Lar São Vicente de Paula, onde ela trabalhava as segundas e quintas-feiras.
Vista da Estância Turística de Joanópolis - SP a partir do
Lar São Vicente de Paula, no Jardim Bela Vista.
Com a fisioterapeuta Aline Poli e o grande Lazinho
Convite aceito, lá fomos nós. Realizei a primeira oficina para os idosos do Lar São Vicente de Paula de Joanópolis no dia 20 de agosto de 2012. O resultado foi uma grata surpresa.
Realizei duas oficinas no Lar São Vicente de Paula: no dia 20 de agosto e no dia 8 de outubro, ambas em 2012. Em ambas as datas, foi imprescindível poder contar com o suporte de Aline Poli e das demais profissionais da instituição.
Na primeira oportunidade:
- Iniciei a atividade mostrando 2 dos meus quadros e deixei que os participantes sentissem as colagens com o toque das mãos.
- Mostrei aos participantes alguns trabalhos que levei como referência, na linha dos que seriam produzidos por eles na oficina.
- Propus aos idosos que escolhessem nas revistas “uma imagem bem bonita de algo que gostassem muito”.
- Os participantes procuraram a figura nas revistas e arrancaram a página em questão.
- A imagem foi rasgada retirando, ao máximo o que conseguiram, do papel que estava em volta da figura impressa escolhida.
- A imagem foi colada como nas demais oficinas, com cola em bastão.
- No final foi dado o acabamento com o pincel e o rolinho e eu propus que todos colocassem a mão na cola branca, dentro da bandeja de isopor, para que pudessem sentir sua textura.
Foi uma grande festa! E o resultado, surpreendente, devido às dificuldades apresentadas pela maioria dos participantes no início da oficina.
Na segunda oportunidade:
- Mostrei outros 2 dos meus trabalhos e deixei que os participantes sentissem as texturas da colagem com as mãos.
- Pedi para que cada um dissesse quais as cores que gostava mais.
- Em seguida cada participante procurou nas revistas as cores mencionadas e arrancou a página que estas estavam.
- As páginas coloridas das revistas foram rasgadas em pedaços de cerca de 3 cm e estes eram guardados em bandejinhas de isopor “como se fossem a tinta”.
- Os participantes colaram os pedaços coloridos de papel rasgado no papel cartão, onde queriam, sem qualquer interferência dos monitores.
- Com o trabalho pronto, desta vez o acabamento foi aplicado pela monitoria.
Adaptações para um melhor aproveitamento da atividade por este público específico:
• O tamanho da base de papel cartão passa dos 15 x 15 cm usuais para 20 x 15 cm.
• As imagens e texturas escolhidas nas revistas são tão somente rasgadas e não recortadas.
• Antes de iniciarmos a atividade de colagem propomos dois exercícios aos idosos, de forma lúdica, o de rasgar uma ou mais páginas de revistas em pedacinhos pequenos e o de passar a cola em bastão, ainda fechada, sobre a mesa, com força, simulando o movimento da aplicação.
• Ao propor cada etapa da atividade as informações devem ser transmitidas uma a uma, com voz pausada e repetidas quantas vezes forem necessárias. Ou seja,o ideal é fornecer uma informação por vez, bem devagar e repetir muito. É importante frisar que a repetição exaustiva das propostas de trabalho só auxilia a melhor compreensão da atividade. Pode parecer algo chato, mas não deve ser encarado assim. Fica sempre bem claro, para este público específico, que a repetição faz grande diferença.
• Também para este público, o ideal é que o atendimento seja quase individual, na medida do possível. Todos podem realizar a atividade desde que observadas as limitações e necessidades de cada um em especial. Às vezes podemos achar que o idoso não pode participar, mas havendo um acompanhamento individualizado encontrar-se-á uma forma deste participar levando em conta sua limitação.
• Da mesma forma que para outros públicos especiais, os cuidadores e familiares podem auxiliar em praticamente todas as etapas da atividade, sugiro apenas que não haja qualquer interferência em dois pontos importantes: o da escolha das imagens, texturas e cores nas revistas e o da definição de onde cada pedaço de papel será colado na base.
• Sinto que os componentes principais da atividade para idosos são: a atenção dispensada a cada participante quando da transmissão das informações e cada um deles ver-se criador de algo bem bacana.
• O ideal é que os participantes com deficiências visuais ou auditivas sentem-se bem próximos ao orientador que conduzirá a oficina.
Destas duas oficinas levo duas experiências que trouxeram muitas lições importantes a este arteiro.
Primeiramente quero registrar a experiência adquirida com a adorável Dona Zezé, deficiente visual há cerca de 40 anos. A idosa foi conduzida à atividade e procurei fazer com que ela participasse da oficina como os demais.
Pedi que Dona Zezé se sentasse bem ao meu lado durante a oficina. A parte criativa, resolvi da seguinte forma: escolhi uma página da revista com uma peça publicitária de pasta dental que continha a imagem de duas moças. Descrevi com a maior riqueza possível de detalhes para Dona Zezé como eram fisicamente e como estavam vestidas as moças e pedi que ela escolhesse uma delas. Dona Zezé escolheu a mocinha que tinha chapéu branco de laço vermelho, lenço vermelho de bolinhas brancas no pescoço, brinco vermelho, unhas pintadas de vermelho e um anel dourado enorme no dedo. Eu rasguei a imagem para que ela colasse em seguida.
Para a etapa da colagem, ela ouviu todas as orientações e executou praticamente tudo sozinha. Eu apenas indiquei o lado da imagem que ela iria passar a cola.
Já na segunda oficina, Dona Zezé falou das cores que mais gosta: azul, branco e vermelho e de quantos pedaços de papel queria de cada uma delas, foram dois de cada. Eu passei cola em cada um dos pedaços e fui narrando a ela a cor de cada um para que ela colasse no quadro onde bem entendesse.
Na segunda oficina, um senhor estava no canto de uma das mesas em sua cadeira de roda demonstrando ter a possibilidade de pouquíssimos movimentos com as mãos. Com o apoio das monitoras ele escolheu as cores, procurou-as nas revistas e arrancou a página com inúmeras cores. Daí para frente,ao notar sua dificuldade para a aplicação da cola em bastão, apliquei o produto e pedi para que ele escolhesse onde eu deveria colar cada pedaço de papel. Este foi o resultado.
E a lição que tirei desta vivência foi que não devemos julgar a priori se o paciente pode ou não executar a atividade. Sempre ouvindo as considerações e seguindo a orientação dos profissionais da instituição, devemos tentar de tudo e insistirmos aproveitando ao máximo o potencial de cada um. Às vezes só parece que o participante não pode, ele pode sim, mas do jeito dele
Contato para oficinas
Estas mesmas práticas foram empregadas na oficina que realizei no Recanto São João de Deus, na cidade de São José dos Campos - SP. http://silvioalvarez.blogspot.com.br/2012/08/oficina-no-recanto-sao-joao-de-deus.html
Mais fotos das oficinas no Lar São Vicente de Paula
Maravilha Silvio...adorei! Muito legal! Sucesso sempre pra você...e saudades! Beijos!
ResponderExcluirAgradeço a visita minha querida. Um grande abraço! :)
ResponderExcluirOi lembra-se de mim? Poxa Silvio, que trabalho legal!!! Só você mesmo...parabéns amigo, você sempre é muito dedicado! Seguindo você...
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