"Quando não se pensava em reciclagem, eu já fazia reciclagem".
Eli Heil - Pintora, desenhista, escultora e ceramista, natural de Palhoça - Santa Catarina
Em certo momento da minha carreira intuí que a colagem poderia ser levada às escolas e ser utilizada como ferramenta de conscientização ambiental. Nas oficinas, percebo que as crianças enxergam muito, muito longe, que não precisamos de um sermão enorme e enfadonho para falar da importância da reciclagem.
No meu modo de pensar, quando a criançada produz arte com reaproveitamento de materiais, sejam eles quais forem, a mensagem é automaticamente transmitida e permanece, em sua mente e em seu coração, para toda a vida.
Hoje, ao visitar as escolas, noto que há um movimento muito legal nesse sentido, a meu ver bastante positivo, as crianças são estimuladas a produzir peças artesanais e artísticas com toda a sorte de materiais recicláveis.
Hoje, ao visitar as escolas, noto que há um movimento muito legal nesse sentido, a meu ver bastante positivo, as crianças são estimuladas a produzir peças artesanais e artísticas com toda a sorte de materiais recicláveis.
Dia desses, por intermédio do blog Mundo Collage, do Fernando Fuão, tomei contato com o maravilhoso Mundo Ovo da artista plástica catarinense Eli Heil.
Pensei: os professores de arte do Brasil precisam conhecer melhor esse trabalho! Eli começou a produzir arte com reaproveitamento de materiais quando ainda a reciclagem nem sequer era mencionada. No próximo post, dentro da série “Arte e conscientização ambiental”, destinada, sobretudo, aos professores de arte, registrarei também o trabalho do paranaense Hélio Leites.
Eli Malvina Heil nasceu em 1929, na cidade de Palhoça, Santa Catarina. Viveu sua infância e juventude no município vizinho de Santo Amaro da Imperatriz, tornando-se professora de educação física. Oportunamente, mudou-se para Florianópolis, onde lecionou em um colégio da capital, antes de dedicar-se integralmente à atividade artística.
Pintora, desenhista, escultora e ceramista autodidata, participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Realizou um trabalho único, de difícil classificação, que na XVI Bienal Internacional de São Paulo foi catalogado como “Arte Incomum” (Art Brut).
“A arte para mim é a expulsão dos seres contidos, doloridos, em grandes quantidades, num parto colorido”.
Personagem - escultura com saltos de sapato
Em seu processo de criação utilizou os mais diversos materiais (saltos de sapato, tubos de tinta, canos de PVC, etc.) e inventou inúmeras técnicas.
Eli Heil começou a pintar e a desenhar em 1962, após uma longa enfermidade que a obrigou a guardar à cama durante mais de cinco anos. Seu inseparável irmão, Rubens Diniz, lhe havia presenteado com um quadro pintado por um artista amigo. Eli, que jamais havia visto uma pintura em sua vida, responde num impulso incontrolável: “Mas isto eu também faço!”.
Vomitando criações – escultura em concreto e tubos de tinta
E, desde então, não pára; inventando e explorando novas técnicas, em autodidata, que ela se orgulha de dizer que foram mais de 160 de sua própria invenção, como o trabalho de escultura em argila, os volumes em pano pintado almofadados, as esculturas monumentais em cimento colorido, a recuperação de garrafas de plástico de diversas cores, que ela derrete em seu fogão de cozinha, transformando-as em bichos ou estranha flora. Eli trabalha em estado de transe permanente, com a consciência de ser uma “animadora”, que dá vida e alma aos seres que pedem urgentemente para nascer (ou renascer).
Domingo no morro - Técnica mista
Daí sua expressão de estar “grávida de monstrinhos”. O ovo, como símbolo de vida, cresce em seu ventre até a eclosão. E surge, com máxima urgência, “O Mundo Ovo”, que não pode parar. Primeiro em estado lento de gestação, depois o parto doloroso que a faz sofrer tanto, mas ao mesmo tempo lhe traz tanta alegria, por ser um parto colorido, com as cores do arco íris...
“Eu encontrei minh´alma dentro de um quadro que eu fiz;
Ela me olhou e disse; você é feliz;
Então eu chorei vendo que era verdade;
A tristeza em volta passa a ser saudade;
E o mundo que eu encontrei será sempre lembrado;
Por amigos e parentes que por ele tenham passado;
Mas tudo isso pertence a terra, o que devo oferecer aos céus?
Um quadro de minh´alma, sem lamentos e sem troféus.”
Documentário - Eli Heil - Criadora e Criatura
Direção • Kátia Klock | exibição • RBSTV e SESCTV
Fonte:
Site de Eli Heil
http://www.eliheil.org.br/
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