domingo, 15 de junho de 2014

Releitura em collage do painel central do tríptico O Jardim das Delícias Terrenas de Hieronymus Bosch – collage de Silvio Alvarez – colagem - The Garden of Delights - Jardín de las Delicias El Bosco



Fascinado pela obra do artista holandês Hieronymus Bosch, O Jardim das Delícias Terrenas, pintada entre 1480 e 1490, tive a idéia de reunir imagens que citassem o erotismo e sexualidade na História da Humanidade, desde os primórdios, e de ambientá-las na paisagem surrealista criada por esse grande mestre da pintura.



Foto: KK. Alcovér

Com esse objetivo, pesquisei durante um bom tempo a respeito do pintor, da obra e passei a colecionar figuras relativas à composição almejada. 

O garimpo de imagens empregadas na releitura levou cerca de 4 anos e o processo final de produção (recorte e colagem) levou cerca de 6 meses. 



 Passo a passo da produção da releitura em collage de O Jardim das Delícias 






















Para a construção dos castelos surreais de O Jardim das Delícias utilizei imagens de camarões, lagostas, textura de salmão, cenoura e tudo o que me remetesse à incrível criação de Bosch. Para os lagos e rios utilizei peças publicitárias de venda de imóveis que sempre trazem uma bela piscina. 

As imagens mais complexas eram pré preparadas antes de serem inseridas no quadro. 



Selecionei uma grande quantidade de personagens, não utilizada em sua totalidade. Em geral, para a produção dos meus quadros, tenho o hábito de selecionar mais imagens do que necessário, até para ter uma gama maior de opções no processo final de produção. Contudo, para a releitura de O Jardim das Delícias o volume de imagens foi bem maior do que de costume.









A minha releitura para O Jardim das Delícias foi produzida em base de MDF e concluída em 2013, tem 150 x 150cm e participou da exposição anual no Conjunto Nacional – Avenida Paulista. Foi muito bom constatar que o fascínio pela obra era comum ao de muitas outras pessoas que visitaram a exposição. 







O holandês Jeroen van Anthoniszoon Aken (1450-1516), conhecido pelo pseudônimo de Hieronymus Bosch, criado por ele mesmo, e como El Bosco, na Espanha, foi pintor e gravador.


O quadro fechado na sua parte exterior alude ao terceiro dia da criação do mundo. Representa um globo terráqueo, com a Terra dentro de uma esfera transparente, símbolo, segundo Tolnay, da fragilidade do universo. Há apenas formas vegetais e minerais, não há animais nem pessoas. Está pintado em tons grises, branco e preto, o que se corresponde a um mundo sem o Sol nem a Lua embora também seja uma forma de conseguir um dramático contraste com o colorido interior, entre um mundo antes do homem e outro povoado por infinidade de seres.

Ao abrir-se, o trítico apresenta, no painel esquerdo, uma imagem do paraíso onde se representa o último dia da criação, com Eva e Adão, e no painel central representa a loucura solta: a luxúria. Nesta tábua central aparece o ato sexual e é onde se descobrem todos os prazeres carnais, que são a prova de que o homem perdera a graça. No compartimento central do tríptico, estão representados nus de ambos os sexos unidos em pares ou em grupos, alguns envolvidos em curiosas formas vegetais e minerais.


A parte superior da composição é ocupada pela cavalgada da libido em torno da fonte da juventude. No lago circular, se banham mulheres que carregam na cabeça corvos (símbolos de incredulidade), pavões (símbolos da vaidade) e íbis (que aludem às alegrias do passado). A referência à luxúria e a outros pecados é dada pelos animais que participaram do passeio a cavalo. 

Por último temos a tábua da direita onde se representa a condena no inferno; nela o pintor amostra um palco apoteótico e cruel, no qual o ser humano é condenado pelo seu pecado.

Atualmente apenas se conservam cerca de 40 originais seus, dispersos na sua maioria por museus da Europa e Estados Unidos. Dentre estes, a coleção do Museu do Prado de Madrid é considerada a melhor para estudar a sua obra, visto abrigar a maioria daquelas que são consideradas pelos críticos como as melhores obras do pintor, incluindo o tríptico O Jardim das Delícias Terrenas.

As obras de Bosch demonstram que foi um observador minucioso bem como um refinado desenhista e colorista. O pintor utilizou estes dotes para criar uma série de composições fantásticas e diabólicas onde são apresentados, com um tom satírico e moralizante, os vícios, os pecados e os temores de ordem religiosa que afligiam o homem medieval.

É inegável a influência da obra de Bosch no movimento surrealista do século XX, que teve mestres como Max Ernst e Salvador Dalí.

Detalhes da releitura em collage de Silvio Alvarez para a obra de Hieronymus Bosch.

Fotos: KK. Alcovér
















Fonte
Hieronymus Bosch e O Jardim das Delícias Terrenas – Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hieronymus_Bosch
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Jardim_das_Del%C3%ADcias_Terrenas

Coleções Abril - Grandes Mestres - Bosch

Museo Nacional Del Prado – España
https://www.museodelprado.es/


Releitura de Silvio Alvarez ilustra revista digital de Estudos Judaicos da UFMG
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/maaravi/article/view/5445/pdf

3 comentários:

  1. Não sei o que é melhor a preparação ou o quadro final que não conheço pessoalmente, mas com certeza deve ser o fruto belo da sua paciência e dedicação. Queria colocar no meu blog, tudo bem

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  2. Lógico que sim, Maria Lúcia. Fique à vontade! Um abração.

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  3. Meu professor cutucou uma veia adormecida em mim. Quando penso em colagens eu penso em você.Parabéns por sua delicadeza, humildade e alegria para ensinar bjs

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