Mario Schenberg na Universidade de São Paulo, USP.
Acervo do Centro Mario Schenberg de Documentação da Pesquisa em Artes – ECA/USP
Mario Schenberg (1914-1990) foi um físico, político e crítico de arte brasileiro. Considerado o maior físico teórico do Brasil, Schenberg publicou trabalhos nas áreas de termodinâmica, mecânica quântica, mecânica estatística,relatividade geral, astrofísica e matemática. Albert Einstein o apontou como um dos dez maiores cientistas de sua época; e disse: "Se eu tivesse de escolher um cientista como continuador de minha obra, seria o brasileiro Schenberg".
Trabalhou com José Leite Lopes e César Lattes, e foi assistente do físico ucraniano naturalizado italiano Gleb Wataghin. Colaborou com inúmeros físicos de prestígio internacional, como o russo naturalizado americano George Gamow e o astrofísico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Física de 1979 a 1981 e diretor do Departamento de Física da Universidade de São Paulo de 1953 a 1961, onde também foi professor catedrático.
Schenberg teve ativa participação política, sendo eleito duas vezes deputado estadual de São Paulo. Em função de suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi cassado e preso mais de uma vez pela ditadura militar brasileira. Mario Schenberg também mantinha grande interesse por artes plásticas, tendo convivido com artistas brasileiros como Di Cavalcanti, Lasar Segall, José Pancetti, Mário Gruber e Cândido Portinari, e também estrangeiros, como Bruno Giorgi, Marc Chagall e Pablo Picasso. Atuou também como crítico de arte, escrevendo diversos artigos sobre artistas contemporâneos brasileiros como Alfredo Volpi, Lygia Clark e Hélio Oiticica.
Reflexões sobre a colagem – por Mario Schenberg
A organização de uma associação coordenadora e estimuladora da arte da colagem é uma iniciativa de enorme importância cultural, tanto por aproximar os artistas que se dedicam à colagem como pela organização de exposições de colagem na Capital e no interior do Estado de São Paulo, e já agora no Exterior.
Um dos aspectos mais importantes da colagem está na possibilidade de abrir amplíssimas possibilidades de manifestação artística sem exigir a aprendizagem de técnicas delicadas e complexas, como todas as formas de arte tradicional do Ocidente: pintura, escultura, gravura, desenho, etc. A colagem tem assim o caráter de um meio mais democrático de criação artística, aberto a todos sem exceção. É também democrático por não exigir obrigatoriamente o emprego de materiais de alto preço, como as formas tradicionais de expressão artística.
A colagem permite a todo ser humano tornar-se um artista criador, e assim fugir à terrível massificação, um dos grandes flagelos da atual civilização industrial. Por outro lado, a colagem permite também formas extremamente sutis e elevadas de criação artística para os mais dotados, como tem sido comprovado, inclusive pela arte contemporânea brasileira, desde a obra pioneira de Teresa d’Amico, uma das figuras capitais da arte brasileira contemporânea e por muitos outros artistas brasileiros.
Na colagem são utilizadas tanto as propriedades físicas dos materiais e objetos nela empregados, como a sua carga humana e social, como elementos de expressão artística. É também fascinante a possibilidade de utilizar outras obras de arte como elementos constitutivos de uma colagem, transformando profundamente o seu sentido anterior.
Como tão bem compreendeu Teresa d’Amico, a colagem é mais naturalmente ligada à arte mágica do que outras modalidades artísticas correntes, porque na colagem objetos da Natureza e da vida social são transformados em elementos de um plano ontológico diferente, que é o da Arte.
Mario Schenberg
1982
Fonte:
CENTRO MARIO SCHENBERG de Documentação da Pesquisa em Artes - ECA/USP
http://www.eca.usp.br/nucleos/cms/index.php?option=com_content&view=article&id=103:reflexoes-sobre-a-colagem-&catid=17:artigos-de-mario-shenberg&Itemid=15
Mario Schenberg – Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Schenberg
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